quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

5 anos depois

Há 5 anos que ando para voltar à escrita.
Não sei porque é que não aconteceu; também não me apetece muito pensar nos porquês. A verdade é que há 5 anos que não volto aqui.
Parece que hoje é o dia!
Agora, um tem 19 (quase 20) e outro 16. Tenho pena de não ter outras histórias para ler a relembrarem-me os tantos momentos que já vivemos. Paciência!
Voltei hoje aqui e nem sei bem porquê!! Se calhar é porque ando em fase de balanços (deu-me para isto), principalmente de âmbito profissional.
Adoro o que faço e escolhi ser professora, não foi um acaso. Mas, nos últimos tempos, tem sido difícil manter-me motivada e só mesmo a sala de aula é que me faz esquecer o desânimo que se sente na educação.
Hoje, com o sol a aquecer um dia de vento frio, fui trabalhar a ver o mar e, mais uma vez, numa conversa com uma amiga, surgiu a ideia de escrever sobre os tantos momentos, ora de ternura ora de loucura, vividos com os alunos. Dizia-lhe eu que muitas vezes brinco com os miúdos e digo-lhes que "ainda vou ficar rica com o livro de anedotas que vou escrever com os disparates que eles dizem e fazem. Vai ser melhor que o Diário de um Banana!" Eles riem-se.
Logo pela manhã, enquanto assistia, na biblioteca, com os alunos a uma apresentação sobre Segurança Digital, um colega estava ao fundo da sala a trabalhar com um aluno, o D, que é portador de trissomia 21. No final, trocámos umas palavras. Contava-me o colega que o D, teimoso, se tinha recusado a trabalhar noutro lado (ele percebia a conversa e abanava a cabeça). Eu perguntei-lhe o que estava a fazer e elogiei-lhe as pinturas; ele envergonhado baixava a cabeça e ria-se. Continuava o colega, «Ele está a revelar muitos progressos... até ao nível da escrita (o D aprende a trabalhar com o PC)... à 2ª feira quer escrever sempre sobre o fim de semana... agora já faz textos mais descritivos mas acaba sempre com a mesma frase... "depois liguei à minha tia para lhe dar cabo da cabeça" (é verdade; ele liga todos os dias à tia).» Acabámos os três a rir. Continuámos a elogiar o D e ele sempre de cabeça baixa até que o colega, já conhecendo o seu comportamento, atira: "diz lá à professora porque é que estás com vergonha?" Resposta, "Porque ela é bonita!" Voltámos a rir, os três. Eu agradeci. Depois, pergunta o colega: "Sabes o que é que ele fez no outro dia? Durante a aula com a turma, eu não estava a conseguir ajudá-lo numa atividade e ele escreve-me um bilhete - NÃO FIZ O TRABALHO PORQUE NÃO PERCEBI E FIQUEI NEFROSO." Voltámos a elogiá-lo e voltámos a rir, os três, felizes por ele e pelo que ele faz de nós.